terça-feira, 26 de junho de 2012

Ciclo da água - Parte 1


Galera, pra estudar oceanografia e ciclo biogeoquímicos tem que passar pelo ciclo da água.
Tirei um trecho de um livro de ecologia. Segue a baixo a primeira parte:


"A água é uma substância vital para a biosfera. É solvente universal graças à sua estrutura atômica com elevada constante dielétrica. Forma soluções iônicas e colóides com miscelas de carga eletrostática com grande facilidade. Além disso, suas pontes de hidrogênio permitem a estabilidade da fase líquida em uma amplitude térmica muito grande (0 a 100°C). A estrutura química da água também possibilita a formação de soluções não-eletrolíticas. A água ainda apresenta grande capacidade em dissolver gases, tais como o oxigênio e o gás carbônico. Essa capacidade é, no entanto, muito influenciável pela temperatura, pressão e tipo do gás. Outra característica da molécula de água de grande importância para a manutenção da vida nos ecossistemas aquáticos refere-se ao seus comportamento anômalo em relação à densidade. Expande quando é resfriada de 4°C é 1,0 e a 0°C é de 0,92. Assim, a água congela-se de cima para baixo. Esse fato explica por que é possível a vida aquática (aliás intensa) nas zonas polares. A água apresenta maiores variações de densidade sob temperaturas mais altas. Assim, uma pequena diferenças de um ou dois graus Celcius acarretará maior variação da densidade quanto mais elevada for a temperatura da água. Isso explica a grande estabilidade térmica encontrada em mares e lagos tropicais. Cerca de 70% da superfície da Terra é coberta por água. As grandes massas de água estão nos oceanos, onde se acham em contínuo movimento. As correntes marítimas são cruciais para o estabelecimento dos padrões globais de circulação atmosférica e do clima.

A estratificação térmica em lagos e mares é muito importante, pois implica estratificação química e muitas vezes biológica. Naturalmente, tal característica implica importantes consequencias para os demais ciclos biogeoquímicos em ambiente aquático.

A água tem, ainda, uma alta viscosidade, que decresce com o aumento da temperatura. A viscosidade possibilita a existências de uma comunidade biológica associada à interface ar-água, o chamado nêustron. Os detergentes alteram drasticamente a tensão superficial da água.

Outra importante característica da água são seus elevados calores latentes de evaporação (Lv = 590 cal.g-1) e fusão (Lf = 80 cal.g-1). Desse modo, a água exige o aporte de grandes quantidades de energia para trocar seu estado físico, conferindo-lhe uma elevada inércia térmica, que resulta em uma demora em aquecimento e resfriamento. Essas propriedades são extremamente importantes no estabelecimento das características climáticas. Diferenças de temperatura causam diferenças na densidade da água que, aliadas à ação dos ventos, geram as correntes oceânicas. Existem correntes frias e correntes quentes. As frias trazem águas ricas de nutrientes, incrementando a produção biológica nas áreas sob sua influências. No entanto, tais correntes causam também grande aridez nas faixas continentais por elas banhadas, graças à pouca evaporação associada às correntes frias. As correntes quentes, ao contrário, mantem a estratificação da coluna d'água e, com isso, impedem a fertilização continuada as águas superficial. Desse modo, suas águas são pobres em termos de produção biológica. As correntes quentes por outro lado, amenizam o clima na faixa continental sob sua influências, trazendo chuvas e amenizando o inverno nas altas latitudes. O clima da Inglaterra, por exemplo, é muito amenizado pela corrente quente do Golfo.

A água pura exibe uma absorção diferencial da luz. Ondas menos energéticas de comprimento longo (vermelho) são absorvidas nos primeiros metros abaixo da superfície. Outros fatores que intervem no processo são a turbidez (solução em suspensão) e a cor (substâncias dissolvidas), que também diminuem a penetração de luz, como é o caso das algas verde.

Segundo Leonardo da vinci, "a água é condutor da natureza". A biosfera pode ser definida em termos de disponibilidade de água: é a região do planeta onde há suprimento de energia externa e água no estado líquido. O ciclo da água é caracterizado por um depósito atmosférico pequeno, porém extremamente dinâmico, sendo, inclusive, responsável pela caracterização dos diversos climas terrestres. As reservas de água nos continentes são alimentadas pela precipitação atmosférica (Chuvas, neves e granizos), uma vez que chove proporcionalmente mais nos continentes que nas áreas oceânicas. Grandes regiões do planeta, tais como o vale do Mississipi (EUA), a Europa  e a Amazônia oriental, recebem a maior parte de precipitações  por meio de massas de ar oriundas dos oceanos.

O volume total de água da biosfera é de cerca de 1,5 bilhões de quilômetros cúbicos. A água está distribuída de moddo muito desigual pela superfície da Terra (512 milhões de quilômetros quadrados). A maior parte da água está no mar (97%). Os outros 3% restantes são constituídos por água doce (a maior parte em geleiras). O depósito de águas subterrâneas é muito maior do que  o de águas superficiais. Rios e lagos contribuem muito pouco para o total de água doce existente, mas eles são essenciais para a renovação do ciclo, já que o tempo de renovação médio das águas superficiais é pequeno (ao redor de um ano).

Outro fator que influencia a distribuição mundial das águas é a latitude, principalmente alterando os totais pluviométricos."

Pinto-Coelho, R. Motta. 2000. Fundamentos em ecologia. Editora Artmed.  

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